A noite não é o fim do dia, é o começo do dia que vem.
Guimarães Rosa
No final dos anos 1990, eu construí o meu primeiro blog.
Era tudo muito incipiente, ainda. Uma ferramenta nova de um mundo novo, que começava a ter adeptos por todo lado, que se rendiam aos computadores pessoais (uma onda que se popularizou no Brasil a partir dos anos 1980), e à novíssima Internet, que, com a criação da UOL (Brasil, 1996), permitia que pessoas comuns dessem o primeiro passo para dentro do que era chamado “mundo virtual” (através de acesso discado, é claro).
No mundo digital, a palavra "blog" é uma abreviação de "weblog" (registro na web) e lá no começo, era muito comum que os curiosos o usassem com um cunho muito pessoal, muitas vezes como um diário.
No meu caso, eu havia encontrado uma alternativa para publicar os textos que escrevia e compartilhar com as pessoas (que ainda não se chamavam seguidores) que assinavam o meu blog. Não existia esse ímpeto de relevância, valor, constância e frequência que se vê hoje, tudo impulsionado pelo surgimento e, depois, pelas transformações nas redes sociais.
Aliás, no Brasil, a primeira rede social surgiu em 2004. O Orkut fez muito sucesso, mas, diferentemente do Facebook, que foi fundado no mesmo ano, teve vida curta: em 2014 a Google decidiu por descontinuar o serviço.
Eu sou da turma da “zero hora”, do limiar, ou seja, daquele momento que divide a noite do dia, como disse Guimarães Rosa, porque sou da última geração que nasceu e chegou na vida adulta sem internet, e vejo um montão de vantagens nisso.
Mas a minha curiosidade pelo mundo novo sempre me arrastou para o olho do furacão, onde podia ver a aprender coisas novas com quem estava criando esse universo virtual maravilhoso.
O blog, então, era um lugar seguro na “rede” (como era, então, chamada da internet) que ainda engatinhava.
O conceito de blog foi popularizado a partir de 1999, quando Blogger e LiveJournal, plataformas que permitiam que qualquer pessoa criasse e publicasse conteúdo facilmente, começaram a ser amplamente adotadas.
Naquele momento, as pessoas começaram a escrever sobre uma variedade de assuntos: desde experiências pessoais até interesses específicos, e logo o formato foi se expandindo, incorporando mais interatividade, com comentários e links para outros sites, criando uma rede de blogs interconectados, e criando comunidades em torno de temas de interesse.
Pessoas que não se conheciam no mundo real eram íntimas no mundo virtual: compartilhavam suas histórias de vida, criavam redes de apoio fortes, cristalizavam um novo tipo de amizade.
E agora estou eu aqui em um novo limiar, dando os primeiros passos para começar, junto com você, uma nova fase de blog.
Decidi seguir com o nome EFEITO COLATERAL porque sempre o achei muito adequado: antes era um desvio da vida hermética do Direito e, nos últimos anos, é a melhor fuga dos limites que a imagem propõe.
Assim, Efeito Colateral é mais um dos lados onde lapido a cada dia a minha curiosidade sobre o mundo, sobre a vida, sobre as memórias e sobre o que ainda está por vir.
Espero que você me acompanhe nessa viagem, e que possamos compartilhar nossas melhores experiências, nossas grandes paixões e, claro, aprender muito juntas.
Com carinho,
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