
SANGUE DO MEU SANGUE
Concentro meu olhar, nesse trabalho de video, em uma única fotografia familiar adquirida: um portal estático para um lugar do passado. Essa imagem solitária, desgastada pelo tempo, torna-se o epicentro de uma exploração sobre a natureza da memória e a ilusão da felicidade familiar perene.
A escolha de focar em uma única imagem busca intensificar a percepção das pequenas imperfeições, das sutilezas que poderiam passar despercebidas em meio a um álbum. As rachaduras no papel, o desbotamento das cores, qualquer vinco ou mancha se tornam elementos carregados de significado, testemunhas silenciosas da passagem do tempo e das experiências que moldaram aquela família. Através desta fotografia singular, questiono a construção da memória familiar, como um único instante congelado, agora destruído, pode evocar uma infinidade de sentimentos e narrativas. O antes e o depois, e a transformação como meio interpretativo.
Este vídeo é um questionamento sobre a construção sociocultural das famílias ocidentais. É um sopesar sobre a fragilidade da lembrança, refletindo sobre a nossa própria relação com o passado e a maneira como costuramos as narrativas que nos definem.



