AS MULHERES
QUE AMEI

ENGAVETEI
MEUS AMORES
E se a vida feminina fosse só um colecionar infinito de de agressores?
analog collage
2020
3 x 4
Em 2020, durante a pandemia na Itália, os números de feminicídio e de violência contra a mulher atingiram patamares inéditos. O lockdown forçado, ao invés de mostrar o melhor da convivência entre as pessoas, muitas vezes foi o estopim para que o pior viesse à tona. Dentro de relacionamentos afetivos longos, muitas pessoas perceberam que não conheciam seus pares dentro do próprio lar. E esses casos se propagaram, depois, por todo o mundo ocidental onde o lockdown foi decretado, acompanhando ou superando os números italianos, conforme a pandemia se instalava.
A violência contra outro ser humano é algo que me toca, especialmente quando ela se dá em decorrência de uma relação afetiva, como o feminicídio.
Escolhi trabalhar este tema através de um livro têxtil, porque esta é uma linguagem antiga, é um idioma que falam as mulheres que honram o fazer manual desde sempre. E o têxtil sempre esteve presente no universo feminino, seja como adorno estético ou de protesto, seja como construção ou recuperação de vestimentas. O têxtil tem em si todas as possibilidades narrativas, registrando histórias do quotidiano da gente comum.
O desenrolar do livro também é uma alusão a como o assunto da violência contra a mulher vem aparecendo dentro das sociedades modernas, mostrando, aos poucos, as fotos de várias mulheres para ilustrar a contagem de vítimas da violência. A escolha de fotos de arquivo tem a ver com a atemporalidade do tema. E as imagens são suturadas no livro pensando nas feridas escondidas por baixo das normas sociais.
O video 3 X 4 venceu o prêmio multimídia no 14o. FestFoto - Fotograma Livre, em 2021, em Porto Alegre, Brasil. O livro têxtil foi exposto na mostra coletiva de livro de artista "Brasil: ácido e sedutor", em 2022, em Catania, Itália.
2021
Livro Têxtil e VideoArt

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PELE MANSA
Nós, mulheres, curamos feridas reais e imaginárias. Habituadas a tecer, a fiar e a cuidar, costuramos eventos e memórias. E nossas dores, onde estão? Entre nós, pelo alinhavo de nossas mãos, amarramos por baixo das gazes os segredos alheios que cicatrizam com a distância no tempo. Amansamos a dor enquanto a sentimos. Remédio e veneno na mesma linha, na mesma vida. Pele Mansa se constrói no vai-e-vem de meus autorretratos e de fotos de outras mulheres a quem solicitei escolherem um pedaço de tecido para encobrir suas dores. Uma renda que escamoteia a ferida aos olhos alheios e não expõe os segredos vividos a sós. Um exercício de sutura às avessas. Corpo, pele, discurso, mistérios: uma promessa de cicatriz. A pele que divide meu mundo do seu. As dores amontoadas na sucessão do tempo, no corpo. As feridas com as quais luto, tiro a casca, sangro e lambo para liberar a dor.
Texto Curatorial de Fabio Gatti
2022
fotografia híbrida
várias dimensões

2022
PELE MANSA
trabalho selecionado
Paraty em Foco
Paraty - Rio de Janeiro
Brasil
2022
PELE MANSA
instalação de gigantografia
Palacio Ducal
Medinaceli - Castilla y Leon
Espanha
2022
PELE MANSA
exposição individual
Projeto Terrarium Brasiliensis
15º FESTFOTO - Porto Alegre
Brasil
2022
PELE MANSA
exposição coletiva
Med Photo Fest
Catania - Sicilia
Itália
2022
PELE MANSA
exposição individual
8º Festival Pequeno Encontro da Fotografia
Olinda - Pernambuco
Brasil


NINNA NANNA
NINNA NANNA é uma expressão que remete às tradicionais canções de ninar italianas, marcadas por palavras suaves e repetitivas. Essas melodias são transmitidas de geração em geração. Este trabalho nasce do incômodo diante dos repetidos padrões impostos às mulheres e perpetuados ao longo do tempo (como as canções de ninar). Esses mesmos standards determinam que mulheres devem ser eternamente jovens, delicadas, silenciosas e de formas sinuosas. Tais normas implícitas aprisionam as mulheres à lógica da moda, da indústria cosmética e dos procedimentos estéticos, comprometendo sua autoestima. A série fotográfica foi concebida a partir de imagens autorais e de arquivo, turbadas pela presença de lâminas de vidro, as quais criam uma camada simbólica que desafia a transparência do olhar e busca subverter as convenções, problematizando os conceitos de beleza contemporâneos. Ao fugir dos dogmas e das curvas idealizadas, as obras convidam à reflexão sobre o que realmente significa beleza, identidade e liberdade, celebrando a legitimidade do envelhecer e o direito de existir para além dos padrões estabelecidos sobre o papel da mulher na sociedade.

2023
Fotografia Experimental
várias dimensões
AMORES MODERNOS

2021
Analog collage
várias dimensões
Estas obras integram o projeto AS MULHERES QUE AMEI, abordando a violência contra a mulher. Muitas entram ou permanecem em relacionamentos abusivos (violência física, psicológica, emocional, econômica) por considerá-los normais devido ao ambiente familiar, enquanto outras, mesmo cientes do risco, se deixam levar por paixões momentâneas e depois experimentam dor e humilhação, além de vergonha e impotência para sair ou pedir ajuda para romper com essas relações tóxicas.
A série AMORES MODERNOS foi exposta na mostra coletiva OLTRE LO SPECCHIO, em 2024, em evento promovido pelo governo municipal de Silvano D'Orba, Itália.

2025
CONFIGURAÇÃO
Analog collage
21X15 cm
RADIOATIVA
Incluso en un nuevo milenio,
las mujeres siguen siendo radiactivas.
Ciegan con su luz brillante y plateada
que invade hasta lo que es más oculto,
abandonado, olvidado...
Como prejuicios velados,
Como la mano que amenaza,
pero no golpea en público.
Rosario Castellanos
RADIOATIVA foi selecionada e exposta no Salón Homenaje a Mujeres de la Ciencia, em 2021, no Centro Argentino de Arte Textil, Buenos Aires, Argentina.
2021
Intervenção têxtil sobre analog collage
20 x 30 cm

MEUS SUPERPODERES
MULHERES TARJA PRETA, CONTRAINDICADAS, QUE CAUSAM DEPENDÊNCIA FÍSICA: NÃO HÁ DE VEZ EM QUANDO, TOMA-SE UMA DOSE JÁ DESEJANDO OUTRA.
- Fenanda Young
COISAS QUE VOCÊ NÃO VÊ





























